Acontece sempre comigo, o
Natal começa a aproximar-se e a azáfama total mas depois das decorações
feitas, os postais enviados, presentes despachados para as crianças e as
pequenas lembranças para os mais chegados sinto que me falta qualquer coisa: um
vazio se começa a instalar no meu coração deixando me vulnerável para
momentos de nostalgia e tristeza - principalmente neste ano em que me faltou
a alegria e as palavras calorosas de quem partiu tão recentemente e que
ninguém nem nada poderá a substituir, a minhaquerida mãe!
Decidi mais uma vez
contrariar essa onda. Tive de voltar atrás com o que tinha primeiramente
planeado - um calmo, pequeno e só a três Natal. Claro que pensei num menu
muito natalício e alguns filmes para o entretenimento da nossa pequena
família de momento.
Parecia que tudo estava
então arrumado mentalmente e assunto encerrado quando a minha filha se
aproximou de mim, deitou se ao meu lado, e começamos a conversar acerca da
noite de Natal do ano passado; concluimos que tinha tinha sido um Natal muito
bem passado, que nos tínhamos divertido e como a casa tinha se enchido de gente
e alegria! Mas e o trabalho que eu tive e as horas que passei na cozinha - “Oh
Mãe podíamos ter convidados outra vez porque tu vais sempre fazer muitas
coisas, eu já te conheço” :-), esta deu
para pensar e rimos divertidas imaginando desde logo o momento.
Fiquei convencida e
reconsiderei, até porque os argumentos da filhota foram completamente válidos.
Bem, faltavam apenas dois dias e podia parecer pouco elegante ou inoportuno
pelo pouco tempo até a noite de Natal. Quem convidar? Não durou mais do uqe
dois minutos e veio me logo à ideia quem
poderia gostar de passar esse atemporal momento connosco, pois também eles os
três estariam sozinhos muito provavelmente. Apressei-me a enviar primeiro uma
mensagem, como todos os pormenores e logo a seguir o meu telefone tocou - “why
not we are happy to come, thank you for inviting us!”
A alegria voltou e
encheu-me o coração e a mente de boas vibrações. Mais um Natal com diferentes
pessoas, desta feita pessoas de um país do leste da Europa - Lituânia. Ela
vivendo no Reino Unido há seis anos, dos quias cinco na Escócia (conhecemos há
2 anos) e ele a viver há um pouco mais de tempo por estas terras de sua
majestade. Não preciso caracterizar aqui a personalidade destes recentes
amigos, porque em geral pessoas dessa parte da Europa são sobejamente
conhecidos pela disciplina, rigor e seriedade; todavia surpreenderam-nos pela
boa disposição e bom humor! Excelentes
conversadores, com uma cultura geral tão geral e rica que diria uma cultura
universalmente rica! Tivemos sorte com os nossos convivas, não sei, mas
uma coisa posso assegurar tivemos um feliz, divertido e longo jantar de Natal,
que se prolongou até altas horas da noite - quase até as duas da madrugada -
com as nossas duas crianças super entretidas e felizes também! Mas o NATAL não
é isso mesmo? PARTILHA! Tem sido muito gratificante os nossos Natais por aqui. É
interesante quando pessoas diferentes se conectam e a diferença se transforma
apenas em admiração e mais cultura, o saber ouvir e não criar preconceitos é
realmente importante para a convivência. O que parecia ser não é, e
afinal há fundamento; e se tivermos tempo e disposição para ouvir o
criticismo, este dá lugar a um entendimento, sem ter, contudo, nenhuma
obrigação de aceitar para nos próprios a verdade que é dos outros.